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Pequena Reflexão sobre o Pelicano e a Águia

É sabido que na ausência de alimento, o pelicano perfura a si mesmo, em um ato de Amor sob Vontade para dar de alimento para seus filhotes. É notável a representação iconográfica de sua cabeça sempre apontar para o lado esquerdo – o lado do coração (o Chackra Anahata, que também é Tiphareth – o local de contemplação acima de Malkuth e o vislumbre daquilo que está além de qualquer contradição e divisão – Kether). Um símbolo do meio do caminho, onde se observa com altivez as limitações  do mundo fenomênico (onde a razão alcança certo limite) ao mesmo tempo em que se tem um vislumbre da Unidade, eterna, perene e imutável (que do princípio Uno, gera a multiplicidade). A criação se dá dentro da criação. Tudo está dentro do corpo de Nossa Senhora Nuit – que é extensão e potencialidade. Enquanto seu complemento Hadit é ponto e movimento. O eixo da Roda, o Cubo do Círculo, o Mago e o Exorcista, sendo o Cone a figura geométrica perfeita em seu aspecto tridimensional e o circumponto (glifo do Sol) sua manifestação bidimensional. O Universo se envolve em expansão e movimento, sendo a soma de tudo a estática. Movimento é estabilidade e estabilidade é movimento. Nu é a extensão máxima da Rosa e Had, a concentração máxima da Cruz. 

A águia é a oitava mais alta de escorpião, um emblema da morte. Enquanto o último se auto-sacrifica de forma um tanto mesquinha ao ser acuado, a águia sobrevoa com visão aguçada após compreender os movimentos ondulares da Vida – a serpente (a figura intermediária do ATU XIII – A Morte com suas transformações). 

A águia nos mostra que aniquilar-se não é morrer no senso comum da palavra, mas integrar-se.

E a fórmula do Ser é Tornar-se e Tornar-se é Ser.

Ao pararmos o movimento pendular que estamos expostos, a haste do pêndulo em repouso é o falo de Shiva que corta os céus. É também a troca fluídica, na qual o glúten branco (águia) se torna vermelho, enquanto o leão vermelho se torna branco no ATU XIV – A Arte. E nos robes da figura andrógina, abelhas e serpentes se mesclam (os fluidos sexuais masculinos e femininos).

Quer maior expressão que essa do Amor? Enquanto o Uno cria do Nada o múltiplo, o ser humano co-cria através do sexo o que bem entender, mas valendo-se da fórmula do Amor sob Vontade. O falo, a Vontade dirigida, a kteis a porta – Dalet e a janela -He – a taça do Elixir. Salve Nossa Senhora Babalon que nada rejeita! 

E que sejamos fielmente castos, formando o castrum inabalável da consecução da nossa Verdadeira Vontade. Tudo em Amor à Ela: Nuit! 

O ato sexual envolve entrega, preparo, la petite mort samádhica onde o mesmo é Ser e Ver. 

O pelicano e a águia são emblemas daquele que se aniquilou – que verteu seu Ego (mesmo que momentaneamente) como sangue precioso permitindo cruzar até a Cidade das Pirâmides sob a Noite de Pã.

Não é um escape místico do mundo que é uma contínua festa em nossos corações para o prazer do máximo deleite. Mas, o êxtase de contemplar e viver aquela Essência Divina que sempre foi, é e será. É bios e zoé reunidas. A Bestificação que nos torna Sacerdotes e Reis.

Por: Frater Eosphoros

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